Dia desses o saci me visitou. Estava na varanda da minha casa de sapê, digitando no meu lap-top com Ruindows 98, enquanto observava um casal de caramujos se cortejando. Esqueçam aquele saci risonho, faceiro, maroto. O saci de hoje em dia é um sujeito triste. Como se seu time tivesse sido desclassificado da Taça Libertadores.

Sua maior mágoa não é o fato de as pessoas duvidarem da sua existência. Para isso, compensou a existência da Socaci - Sociedade de Observadores do Saci (www.sosaci.org). 

O Saci não vive seus melhores dias. Afinal de contas, as matas nas quais ele costumava a pitar seu cachimbo (com todo cuidado para não causar um incêndio) foram entregues à exploração comercial. Se os campinhos de várzea estão desaparecendo, o que dizer das matas do Saci. E, como não pode perder seu tempo em meio a fauna e flora, ele começou a observar a vida na sociedade. Claro, sempre oculto.

Viu como funciona a política, a economia, o futebol, enfim, a sociedade extra-vegetação. Leu Aristóteles, Nietszche, Jung, Marx, Plutarco, Seneca, Rosseau e um pouco de Turma da Mônica.

E, depois de ler tudo sobre história, foi tomado por uma profunda depressão. Para o saci, em todos os períodos da história, os mais pobres sempre levaram a pior, independente da época, do regime, ou qualquer situação a qual a sociedade esteja sujeita. 

"Teria solução para isso algum dia?", perguntou-me o angustiado saci.

A única coisa que pude dizer ao saci foi o seguinte: "Eu te avisei. Inteligência demais leva ao sofrimento. Tente ser mais burro."

Ou então, um analista com urgência.