Na teoria, Democracia é um regime que deveria limpar do poder os maus representantes do povo. Na prática, o máximo que a Democracia Brasileira faz é limpar a ficha dos corruptos.
Na Biblioteca de Brasília, obra do Niemeyer, há milhares de livros.

Ninguém pode lê-los, sequer tocá-los, pois não instalaram o sistema de segurança. A previsão é de que isso seja feito (dizem) dentro de um ano.

E o diretor da biblioteca disse à imprensa: "Os livros são apenas um complemento da biblioteca."

Lembrei-me dos teólogos do "futebol de resultados". Para técnicos retranqueiros e pragmáticos, que privilegiam a defesa em detrimento do ataque, o gol é apenas um detalhe.

Na Biblioteca de Brasília, o livro é apenas um desprezível detalhe.

Eparrei!


Na varanda da minha casa de sapê, enquanto pito meu cachimbo e observo um saci-perseguindo um beija-flor para conferir a velocidade das asas do pequeno pássaro, escrevo essas palavras no meu pangaré,  um lap-top de 1 giga, não de memória RAM, mas de HD, ornamentado com um Windows 98. Funciona, mas estrebuchando. 

Um caboclo que passava em frente de casa,  ostentando um novíssimo notebook no auge de um Windows 7, aproximou-se para zombar deste Jovem Preto Velho que o Rogério de Moura incorpora. Chamou-me de defasado. Oras, é Windows 98 mas tá pago. Não é pirata, comprado com 90% OFF (meu deus, estão matando a boa e velha palavra "desconto"). 

É claro que meu computador não surfa por sites com muitas imagens pesadas, pois corre o risco de se afogar. Mas experimentei o tal Windows 7 num computador alheio, numa máquina potente. E não é que o "puro sangue" eletrônico do meu amigo também empacava? O problema não é a versão do Ruindows. O problema é o computador em si, pois o mesmo tinha acontecido com os Windows anteriores: XP, Millenium.. Uma das invenções mais traíras do mundo moderno chama-se computador. Quem duvidar que não se esqueça das horas em que passou na fila do banco pois não havia sistema, ou quando o sistema de semáforo travou, entre outros imbróglios "mudernos".

E, por falar em evolução e tecnologia, está aí o ser humano, seja homem, seja mulher. Todo acesso a tecnologia e informação... Toda a empáfica de pertencemos a uma era de modernidade, onde tudo é acessível... Ou seja, evoluímos. Será?

Com todos os Windows e internet do mundo, com os mais modernos celulares, cartões magnéticos e o ser humano continua matando, roubando, traindo, etc., etc.

Mas nos vangloriamos de não morarmos em cavernas e carregarmos clavas. Na verdade, ainda somos as mesmas bestas das cavernas. No entanto, nossas clavas têm processador Intel, GPS e tocam MP3.

Eparrei!



O médium que me incorpora, o cineasta Rogério de Moura, vez em quando fica meio cabisbaixo, deprimido. Sei que fazer cinema é difícil, mas depressão não é nada saudável. Por isso, às vezes, custa para que ele consiga me incorporar. O Rogério começa a tossir, revirar os olhos, gritar "Viva o cinema brasileiro". Ás vezes até corre ao banheiro.

No momento da incorporação, eu passo a comandar a mente dele. Mas ele continua num estado de semiconsciência. Ele tem consciência das coisas que falo ou faço. Mas nada faz além de acompanhar. Já visitei muitos cafofos de tolerância da Rua Augusta sem que ele pudese fazer nada.

Mas suas preocupações afetam o momento de incorporação. Compreendo que não deve ser fácil ser cineasta. Se até em Hollywood isso não é brincadeira, imaginem pelo resto do mundo. Por isso, numa de nossas sessões, eu recomendei que ele fizesse uma macumba cinematográfica. Para, enfim, conseguir fazer seus projetos deslancharem.

Sugeri ao Rogério a seguinte macumba cinematográfica: ao lado do vaso de barro, um exemplar do livro "Hitchcock / Truffaut: Entrevistas", uma fita MiniDV virgem, um DVD de "La Dolce Vita do Fellini". Ao redor, acenda quatro velas pretas. Também ofereça para o santo uma garrafa de Red Label ou Johnny Walker. Não tendo grana para comprar, Tatuzinho, Pitu, 3 Fazendas, Cavalinho ou Cidra Cereser também servem.

Quem quiser, é só seguir a receita

Eparrei!


Rogério de Moura


A gente vai fazer a Copa? Iremos. A gente vai fazer as Olimpíadas? Iremos também. Mas a corrupção é tanta que iremos fazer tudo meia-boca.


A China, 300 anos antes de promover suas olimpíadas já investia nos atletas. E o Brasil cortando patrocínios. Isso tudo sem dizer nos elefantes brancos do Pan do Rio. Quantas medalhas teremos?


E o mais trágico de tudo isso é termos um ministro dos esportes que já ficou há 8 anos no posto (e parece que vai ficar 16, para a tragédia dos esportes). Antes, Orlando Silva significava o 'cantor das multidões'. O Orlando Silva atual é o 'embromador' das multidões. É impressionante sua performance, na qual ele só entrega medalhas. Nada relativo a esporte é de responsabilidade do Ministério dos Esportes. Tudo é 'do outro'. Nada é com 'ele' ou com o ministério.


Cada cobrança que a imprensa faz se faz sobre qualquer desmazelo ou desmando no esporte, ele se esquiva com uma maestria inigualável.


Estádios com construção atrasada? Problema dos estados onde ficam os estádios. Problemas com infra-estrutura? A resposta é com as prefeituras. E aí, o ministro dos esportes vai tocando sua vidinha. Nada com relação ao esporte é com ele.


Já teve outros casos: apoio ao judô? O problema era da Federação de Judô. Vôlei, a mesma coisa. E por aí vai. Nenhuma providência é com ele. Pra que serve o Ministério dos Esportes.


O ministro dos esportes só presta pra ir a coquetéis, entregar medalhas e fazer cobranças que, na verdade, seriam de sua própria responsabilidade. Tem vezes em que ele chega a cobrar coisas que seriam responsabilidade dele próprio e de seu próprio ministério. Dá vontade de vomitar cada vez que eu o ouço falar.

Deveria ser o ministério mais importante de todo o governo Lula-Dilma. Afinal, qual país vai ter uma Copa seguida de uma Olimpíada?


Mas esse água-de-salsicha vai seguir fingindo que esporte não é com ele, apesar de ser ministro dos esportes. Convenhamos, ele age no interesse de que. A quem interessa ter alguém que não vale nada? Veja bem, ele vai completar 16 anos fingindo que nada no esporte brasileiro seja com ele.

Acho que vou ter que fazer uma macumba brava pra esse Orlando Silva decidir trabalhar.

Qual desses Orlandos Silvas você prefere? O "embromador das multidões" ou o "cantor das multidões".


Teremos estádios. Mas garanto que teremos estádios com arquibancada feitas com andaime de metal. Também teremos os estacionamentos de estádios com terra batida. Duvida? Garanto que também teremos aeroportos com saguões com cobertura de lona. Duvida?
Em minha procissão
Um pé
Tem fé.
O outro, convicção.


Não é pequeno o orgulho. Sou um preto velho. Nem tão velho, ainda jovem. Mas preto, com certeza.

Dia do Preto Velho deveria ser feriado nacional. Mas como a bancada dos pretos velhos ainda é pequena, ainda nos falta representatividade política.

Alguns vereadores já conseguiram absurdos como o Dia do Rock, o Dia da Roda da Carroça, o Dia do Corno. "Dia do Preto Velho" não seria nenhuma indecência. E, convenhamos, o "Dia do Preto Velho", diante de tantos absurdos, seria um bem para a humanidade. Afinal de contas, seria um dia para se reverenciar a sabedoria. Hoje em dia, privilegia-se o aprendiz, não o mestre.

No Rio de Janeiro, os vereadores aprovaram o 13 de Maio como Dia do Preto Velho. Alvíssaras! Parabéns ao Rio de Janeiro.

Penso em coisas como o trânsito brasileiro. Principalmente nas grandes cidades. O que me levou a relacionar sabedoria com trânsito? É simples: o motorista brasileiro é um dos mais selvagens do mundo. Na Índia, onde o trânsito é tão caótico quanto o paulistano, morre muito menos gente. Porque isso acontece? Existem várias razões. Uma delas é porque um psicopata aqui pode atropelar vários ciclistas e sair cantando saltitante da delegacia, enquanto que, na pátria do Obama, pegaria perpétua.

O motorista brasileiro deveria se espelhar no preto velho. Paciência e sabedoria levam muito mais longe. O sujeito enfia o pé no acelerador e, na posse do possante motor do seu veículo, cortando entre os carros, arriscando a vida dele próprio e de qualquer um que cruze seu caminho, consegue adiantar, em seu tempo, apenas, vejam só, três minutos. Vale à pena? Claro que não.

No entanto, o brasileiro pode até abdicar do direito de fazer sexo. Quanto ao direito de dirigir bêbado, ninguém pode pôr a mão. O brasileiro é capaz de fazer passeatas defendendo o direito de tomar todas e sair dirigindo bêbado e causando as piores tragédias.

Mas, voltando ao assunto inicial, viva o Preto Velho, viva a Macumba!

Macumba é outra palavra que assusta aos brasilerios. Ficou associada a coisas ruins. Vingança? Faça macumba. Foi traído? Faça macumba. Deseja a mulher do próximo? Faça macumba. É uma visão equivocada da macumba, que infelizmente impera no incosciente tupiniquim. Quem faz o mal é o ser humano. Mas colocam a culpa na macumba. E é uma palavra que soa bem. As duas palavras das quais mais gosto: amor e macumba.

Até parece que é a macumba que mata torcedores de futebol nas saídas dos estádios, ou na "saidinha do banco". Até parece que é a macumba que aumenta o gasto de conta de luz e água. Como se fosse a macumba que apertasse o gatilho durante um assalto. Como se macumba dirigisse um veículo depois de encher a cara num boteco.

Macumba é magia. Macumba é mágica como a vida.

Preto Velho é sabedoria. Como os maiores sábios que existiram na cultura ocidental (e oriental).

Buda, Sócrates, Einsein, Niestche, entre outros do clube, não eram nada mais do que pretos velhos. Pretos Velhos gregos, alemães, suíços, russos, suecos etc.

Já o ser humano...

Feliz Dia do Preto Velho!

Rogério de Moura 


O Portuguesinha da Vila Santa Isabel é um time de várzea do bairro em que eu vivo. no qual nasci e onde o Saci Pererê me faz uma visita de vez em quando.
Ganharam nove sem preder. Seria o décimo jogo invicto. Se isso acontecesse, seria uma "feijoada de arromba". Todo mundo envolvido, tudo programado e toda expectativa pelo jogo que aconteceria nesse fim-de-semana.
Só que o Portuguesinha da Vila Santa Isabel jogou no Ceret e perdeu por dois a um (ou por dois a hum, como prefeririam os fãs da língua portuguesa clássica). 
E todo mundo foi curtir as mágoas da derrota no boteco do mineirinho Jair, em frente de casa. Eu, que fui ao jogo, inclusive. O saci também. Muitos me cumprimentaram. Mas ninguém notou a presença do Saci Pererê. Mas estávamos ambos lá, torcendo.
Se o time ganhasse, poderia ter rolado uma baita manguaça. Não ganhou. Mas rolou a mesma manguaça, afinal de contas, cachaça de minas não faltava no boteco do Jair Mineirinho.
Axé!