O Rogério de Moura, médium cinematográfico que me incorpora não gosta.  Melhor dizendo, detesta. Convenhamos que poucos gostam. Acham que significa passar vergonha, vexame diante dos vizinhos de bairro.

Mas, quando ele me incorpora, eu é que estou no comando. Ele que se dane. Não vou fazer como ele, aplicando todo seu dinheirinho no cinema e comendo um saboroso comercial com picadinho do boteco da esquina. Quero iguarias.  Mas, descobri um jeito de comer bem sem onerar meu fiel médium: a hora da xepa. 

Xepa significa desfrutar, ao final de uma feira-livre, de tudo que não foi vendido. Há desde as mais tenras berinjelas, abobrinhas, tomates etc.. Dá para se descolar até o saudável brócolis. Que vergonha há nisso? Não se está roubando ninguém. Há cooperativas cujo trabalho consiste em reciclar esses alimentos, proporcionando alimentação saudável e barata para muita gente.

E isso acaba por render uma refeição digna dos melhores restaurantes. Dia desses, esse preto velho, ao vasculhar o que não foi vendido de uma barraca de peixes, descolou dois quilos quilo de salmão. Em qualquer supermercado, não se compra salmão sem desembolsar, pelo menos, quarenta reais.  Havia também enormes filés de atum, mariscos e até lula (o molusco). 

Uma coleta que equivaleria a pelo menos cem reais. Tudo ali, de graça. E aí, este preto velho teve uma refeição digna um hotel cinco estrelas.

Há milhares de famílias que, sem recursos para comprar alimentos no supermercado, recorrem ao fim-de-feira. São idosos, desempregados, mendigos, uma horda de crianças que retornam para seus lares com caixotes repletos de frutas e legumes. Não há nada indigno nesta atitude. Mas, também há pessoas que estavam passando por lá e, ao ver uma bela montanha de berinjelas em ótimo estado de conservação, não se vexam de encher uma sacola. Afinal, quanto se desperdiça na hora da xepa?

Indignidade, se há alguma, é passar fome. Mas o Rogério continua contra. Ele acha que não se deve pagar tal mico. Continue ele com seu comercial com picadinho. Quando me incorpora, num dia de feira, lá vou eu, desfrutar da minha xepa, preparar meu jantar digno de reis e rainhas.

Eparrei!



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Na África do Sul, o futebol não era (e continua não sendo) o mais popular dos esportes. Então, tiveram que construir estádios. Fizeram tudo em cima da hora. Deu certo e realizou-se um bom evento. Nos EUA, deu-se a mesma coisa. Alguns estádios não foram construídos para o futebol e tiveram que ser adaptados.

Se uma Copa do Mundo fosse realizada na Venezuela, onde o futebol não é o principal esporte; ou na China, ou no Tibet., o país teria que construir estádios.

O que eu nunca vou entender é, como um país tantas vezes campeão mundial, um país que se vangloria de ter o "melhor futebol do mundo", os "melhores jogadores do mundo", tenha que fazer estádios agora, às vésperas de realizar uma copa.

Para um país que, no alto de sua arrogância, julga ter o melhor futebol do mundo, estádios decentes que poderiam abrigar jogos da copa já deveriam existir, com toda estrutura necessária, como banheiros limpos, por exemplo. Independente da realização de uma Copa do Mundo. E, para a realização desta Copa, ser necessário apenas ter que se dar um tapinha cosmético.

Mas temos o "melhor futebol do mundo" e não temos estádios. É como um engenheiro morando num barraco.

Eparrei!




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950 reais de piso para um bombeiro no Rio de Janeiro. Não é à toa que tem gente que se orgulha em ser cadeeiro, ser integrante do PCC, enquanto que nossos professores e bombeiros morrem de vergonha de suas profissões.







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