Muitas religiões conquistam fiéis massacrando as religiões afro. Algumas dessas religiões, por mais que isso possa pareça incongruente, atacam as religiões de matriz africana, ao mesmo tempo em que praticam os mesmos rituais.

Há quem trema quando ouça a palavra macumba. Ao ouvir alguém dizer: "Macumba!", saem correndo. Macumba ficou associada à coisa maligna, traiçoeira. Alguém quer fazer mal a outra pessoa, de preferência um desafeto, macumba nele. E a macumba passou a ocupar o mesmo panteão que ocupam o mosquito da dengue, o mosquito da malária, políticos, advogados, entre outras coisas das quais não esperamos que venha coisa boa. Isso é preconceito de baixo calão.

Macumba é uma das raízes do Candomblé e da Umbanda. Infelizmente, 99% das pessoas associam a macumba a um ritual de magia maligno realizado por pessoas que pratiquem essas religiões Assim como costumam confundir Candomblé e Umbanda, apesar de terem as mesmas origem, não são a mesma coisa. Os pais e mães de santo ficam muito chateados diante disso mas, precisam ter muita paciência nessa hora. É a mesma coisa de se chamar um austríaco de alemão; um chinês de japonês ou coreano.

É biscar, através das forças da natureza, uma energia positiva para o bem que queremos. Seja material, seja afetivo, seja a cura de uma doença. Macumba para o mal não existe. Não é efetiva. Não passa de um temor incrustado no inconsciente coletivo.

E essa coisa de macumba on-line é pura picaretagem. Assim como seria igualmente abusurdo existir novena on-line, cerimônia de lavapés on-line, exorcismo on-line, benzimento on-line Seria ridículo, por e-mail, a família do bebê a ser batizado poderia encomendar um sachê de água benta e, via conferência, o padre ministrar o benzimento.

O Corinthians vai construir um estádio em Itaquera. Esse empreendimento, estima-se, irá levar desenvolvimento à região. Muitas coisas irão mudar no bairro. No entanto, há um problema que ninguém se deu conta:

Nas imediações de onde será construído o estádio, muitos pais e mães de santo quer costumam a fazer os seus despachos naquele lugar estarão desalojados. O que fazer?

Minha sugestão seria construir o Macumbódromo de Itaquera. Bem ao lado do estádio do Corínthians. 

O macumbódromo estaria em um lugar de fácil acesso, numa encruzilhada bem ao lado da estação do Metrô, da CPTM, do Poupa Tempo e do Shopping. Estando ao lado de um estádio de futebol, seria um ótimo lugar para que os torcedores se reunissem para direcionar uma energia positiva para a vitória de seu time. Lugar melhor não poderia haver.

Claro que, para a construção, precisaríamos de incentivos fiscais. Quem sabe, um apoio do BNDES. Mas, se o Corinthians e o Abílio Diniz conseguiram, porque alguns pais (e mães) de santo não conseguiriam?

Eparrei!



Rogério de Moura 


Maquete do Macumbódromo de Itaquera, realizada pelo arquiteto Ramos de Azevedo, 
incorporado pelo pai-de-santo Farid Tavares de Ogum

















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Um sujeito atira em outro. Desaparece por vinte e quatro horas e depois se apresenta na delegacia com um advogado a tiracolo. Geralmente, passou menos tempo na delegacia que a família da vítima. E depois irá esperar pelo desenrolar do lento processo judicial. Se tiver dinheiro, poderá protelar, por anos, décadas; com grandes chances do processo caducar. 

Dirigir bêbado é o esporte preferido dos brasileiros depois do futebol. Empata com o vôlei. Nos primórdios da Lei Seca, teve gente que preferiu vender o carro a parar de beber. Mas, como a lei, no Brasil, pode pegar ou não pegar, essa, pelo jeito, não pegou. Em anos de Lei Seca, quem está atrás das grades depois de ter matado pessoas inocentes após tomar todas antes de dirigir?

Os juízes nada podem fazer a não ser executar a lei, que atualmente é uma mãe (ou amante) para o infrator. 

Afinal de contas, qual é o único filho de Deus que pode mexer nas leis? Quem? Oras, ele: o deputado.

O problema do deputado, vereador, ou qualquer membro da classe política é, a partir do momento em que é eleito, desencarna. O político deixa de pertencer ao mundo dos mortais. Após ser bem sucedido no pleito, o político torna-se uma entidade, ao redor do qual paira um fluxo inimaginável de cargas energéticas e financeiras.

É uma entidade etérea, onipresente e ausente ao mesmo tempo. Algo fluido, impalpável. Algumas dessas entidades são difíceis de ser vistas.

Basta ver como passam a falar. Quando ainda eram carnais, isso é, quando não estavam eleitos, falavam do povo para o povo. Coisas que o povo gosta de ouvir: "Essa família está passando fome, algo precisa ser feito", "As escolas tornaram-se uma filial de uma casa penitenciária. É preciso uma lei que resgate as escolas.", "Sem cultura, nenhum cidadão é independente.", "Taxas de juros abusivas são um estorvo para a economia."

Depois de eleitos, passam a dizer coisas: "Nosso partido irá se reunir para debater a viabilidade dessa coligação." 

Isso não tem nada a ver com o mundo real, com as pessoas, com as carências do povo. Isso não é frase que um ser vivo diga. É frase de uma coisa não carnal, um espírito. Ou seja: uma entidade. 

Por isso, de nada adianta os órgãos de imprensa, comissões populares e outras iniciativas tentarem acessar os políticos. Mesmo que um mortal aproxime-se dele e diga o que tiver que dizer, o político não o ouvirá. Ele é uma entidade. 

Então, faço um apelo à sociedade: só existe um tipo de pessoa para se comunicar com tais entidades: o pai-de-santo. 

Eparrei!