Quando brotou aquela árvore? Há quem diga que ela tem duzentos anos. Outros dizem que menos, outros que muito mais.

Aquela árvore acompanhou o fluxo de um riacho próximo por muitas décadas, quando as águas límpidas formavam um curso sinuoso. Chegaram as casas, que cercaram o riacho. Muito tempo depois, as casas deram lugar a uma avenida. As águas, antes cor de nada, ficaram com uma cor de esgoto tão feia que decidiram canalizar.

A sombra daquela árvore refrescou tropeiros, migrantes e imigrantes, andarilhos.

Seu tronco possui marcas de incontáveis iniciais de casais de namorados talhadas em corações e flechas.

Aquela árvore viu o bairro quando ainda era uma reunião de algumas poucas casas e ruas de terra. A terra batida cedeu lugar ao paralelepípedo e, depois, ao asfalto. Chegaram as linhas de ônibus e de metrô.

Em frente à árvore construiu-se um prédio. Apesar dela gozar de boa saúde, os moradores querem cortá-la.

Tudo porque não querem varrer as folhas que a árvore espalha pela calçada.




Eparrei!


                         Começa o intervalo comercial...
                         Um anúncio de margarina...
                         O PT xingando o PSDB...
                         Um anúncio de automóvel...
                         O PSDB xingando o PT...
                         Um anúncio de sabonete...
                         O PT xingando o PSDB...
                         Um anúncio de supermercado...
                         O PSDB xingando o PT...
                         Um anúncio de curso de inglês...
                         Termina o intervalo comercial.

 Rogério de Moura