Década de 2080. No Brasil, comemora-se o centenário da Blitz e do RPM. No entanto, resta pouca alegria ao mundo, que está sendo atacada pela pior praga ocorrida desde os tempos bíblicos.

Não se trata de câncer, aids, cólera, violência, políticos, motoristas bêbados, gafanhotos entre outras desgraças. Trata-se da das janelas pop-up.

Em 2050, os hologramas concluíram que poderiam se inserir em qualquer comunicação que utilizasse imagem digital. E as janelas pop, unidas, poderiam infestar qualquer imagem com o conteúdo que quisessem, encobrindo-as por completo.

Durante o primeiro ataque, ninguém mais pode ver nada na tela de um tablet, notebook, televisor ou qualquer outro aparelho que possua tela, pois lá estavam milhares de janelinhas pop-ups aterrorizando as pessoas, impedindo que algo pudesse ser entendido. Isso, é claro, trouxe um caos mundial ao mundo das telecomunicações.

Os monitores e telões de complexos sistemas militares não escaparam do ataque das pop-ups.

E a sede de poder das janelinhas pop-up não teve limites. Elas organizaram-se como um verdadeiro exército, chegando a ter sistema governamental próprio. Governos caíram graças às janelinhas pop-up.

E agora, a humanidade vive subjugada às janelinhas pop, que mandam e desmandam em um mundo totalmente informatizado.

No ano de 2013, ninguém prestou atenção ao silencioso avanço das janelas pop-up. Nessa época, os softwares começavam a fazer pipocar inúmeras janelinhas com anúncios publicitários.

Décadas depois, as janelas pop-ups estavam na tela dos televisores, outdoors e até nos painéis dos ônibus. O passageiro esperava uma hora pelo ônibus e, quando finalmente passava, uma janela pop o impedia de ver para onde estava indo o veículo.

E não parou por aí: geladeiras, fogões e toda variedade de eletrodomésticos, que com os avanços passaram a contar com moderníssimos painéis, também passaram a ter as janelas pop-up.

As agências publicitárias começaram a explorar um novo mercado publicitário: janelas pop-up para geladeiras. Qualquer um que quisesse abrir a porta de uma geladeira passou a dar de cara com uma janela pop-up uma pizzaria, um curso de educação alimentar, um restaurante e, claro, marcas de cerveja e refrigerante.

A essa altura, ainda seria possível conter a avassaladora onda das janelas pop-up. Ninguém se preocupou em combatê-las. Deu no que deu.

Enquanto isso, em 2080, a humanidade espero que algum exterminador de janelas Pop-Up do futuro volte a 2013 e conserte o estrago.

E as janelas pop-up dominaram o mundo sem dar um único tiro. Apenas na base da publicidade.

Eparrei!

Rogério de Moura