O bebê mal conseguia dizer palavras compreensíveis. "Bóia" era "bola", "petê" era "chupeta", "pêxi" era "peixe"... Além das já conhecidas "mamã" e "papá".

Um dia, o bebê pronunciou "caiaio!" e todo mundo assustou. "Quem ensinou palavrão pro menino?", gritou o pai, furioso. A mãe replicou, reclamando que quem dizia palavrões na casa era o marido.

E logo, na família, houve uma mesa redonda sobre os procedimentos educacionais, o quanto que se deveriam conter o impulso de pronunciar palavras de baixo calão diante das crianças.

E o bebê continuava, pronunciando pelos quatro cantos da casa: "caiaio", "caiaio", "caiaio". Pensaram até em recorrer a um psicólogo para o bebê parar de falar "caralho".

Certo dia, quando o carro passava por uma rua, o bebê apontou para uma direção e começou a gritar "caiaio" com insistência. E houve um alívio geral: quando o bebê dizia "caiaio" estava dizendo "cavalo".

Rogério de Moura