Um micro conto sobre gente proferindo palavrões, sem nenhum palavrão:

De repente, explodiu a discussão. Não se soube quem começou. Palavrões foram ditos e houve até uns inventados no momento.

Os elogios ao avesso começaram a se intensificar e ganhar volume. A temática girava em torno da mãe de cada um, da honra de cada um, da sexualidade de cada um.

Não se contiveram e levantaram-se de seus bancos e quase foram às vias de fato não fossem os outros amigos conseguirem contê-los.

De uma das bocas, não se sabe de qual, saltou a primeira ameaça de morte. Foi quando os demais perceberam que o assunto foi além do que deveria.

Sempre surge a turma do "deixa disso" nesses momentos. Acalmados os ânimos, cada um foi embora, tomando direções diferentes, praguejando pela rua.

Os outros idosos que permaneceram pensavam nos substitutos para aqueles dois desfalques naquele banco de praça. Um deles disse:


- Imagine a gente tivesse uma torcida organizada nesse jogo?

Rogério de Moura

Rogério de Moura, cobras e lagartos