Dizem que dinheiro não dá em árvore e isso é uma falácia. Tenho um pé de dinheiro no quintal de casa, fazendo sombra a um pé de guiné e outro de arruda.

Quem tem a bênção de possuir um não diz a ninguém. Mas não é por medo de ser tido como uma pessoa rica.

Para se plantar um pé de dinheiro é preciso muito esforço e dedicação. Podar as folhas nos primeiros anos; regar sempre, pois é uma planta que bebe mais água que o ser humano nas piores ressacas.

Para se plantar, basta abrir um buraco, colocar uma nota, cobrir novamente com a terra e regar sempre. Não convém adubar muito pois afetaria o odor das cédulas.

Quando começa a brotar, é nota que não acaba mais. Tem dias em que o quintal fica coberto de dinheiro.

O problema do pé de dinheiro, e aí vem o motivo da vergonha daquele que os plantam, é que só começa a brotar depois de, no mínimo, trinta anos. E sempre será a mesma nota que se plantou.

Ou seja, não sei mais o que fazer com as milhares de notas de 500 mil Cruzeiros que plantei, aquela tem o rosto do Mário de Andrade. Estão cobrindo o quintal, a calçada; entupindo os bueiros. Tampouco não faço ideia sobre que de destino dar ao meu pé de 1.000 Cruzados. Quando secas, dão uma boa fogueira, mas, haja fogo.

Tentei ver se o chá daquele dinheiro poderia curar alguma coisa. Mas o boldo, pra ressaca; a babosa, para a saúde; e o manjericão para o macarrão são imbatíveis.

Ou seja: se ninguém diz que tem um pé de dinheiro, é por pura vergonha.

Estou pensando em plantar um pé de 100 Reais, mas sabe-se lá como será o panorama econômico para os próximos anos.


Eparrei!

Rogério de Moura




A pessoa que olhasse para o quintal, ira se deparar com o seguinte cenário: uma quantidade inimaginável de voos e decolagens de aedes aegypti nos aeroportos do quintal.

Os pernilongos e o tal mosquito da dengue estão em tal quantidade que os aeroportos, ou melhor, os mosquitoportos estão lotados, com direito a overbooking.

O panorama é de caos total e muitas reclamações por parte de lesmas, borboletas, taturanas e grilos. As formigas, que até o momento, sempre costumavam a caminhar em fila indiana agora carregam cartazes de protesto: "mosquito da dengue, fora daqui!". Até as baratas saíram de suas tocas para apoiar a manifestação.

A ANACI - Agência Nacional de Aviação Civil dos Insetos, como sempre acontece fazem os órgãos públicos, publicou uma nota protocolar dizendo que esse ano está investindo uma certa cifra na infraestrutura.

Aranhas, moscas, abelhas, vespas e antes indiferentes e até certo ponto simpatizantes aos pernilongos estão sentindo-se incomodadas. Até os barulhentos besouros juntaram-se ao coro dos insatisfeitos. Uma mosca que não quis se identificar reclamou ter sido discriminada por um bando de pernilongos de cabeça raspada.

O ambientalista Jarbas Passarinho disse, em entrevista coletiva, que o grande problema se deve à falta de pássaros. Um passarinho come até 150 pernilongos por dia. Com a falta deles, os pernilongos congestionam o tráfego aéreo de nossas casas, casebres e quintais.

Um grupo de lesmas foi conversar com os representantes da comunidade dos pombos para pedir que eles comam os pernilongos. Com preferência aos mosquitos da dengue.

Os líderes, no entanto, dão pouca importância ao problema, visto que preferem migalhas de pão, sobras de comida e até pedra, a ter que devorar esses magricelos insetos.


Eparrei!

Rogério de Moura



A propósito da manchete do Jornal Folha de São Paulo "65% consideram que mulher com roupa curta merece assédio":

O fato de haver idiotas no mundo não assusta. O que me apavora é saber que os idiotas são maioria.