Ninguém sabe quem foi. O que importa é que disseram a um beija-flor sobre suas qualidades: a elegância, a rapidez e a agilidade do voo e a precisão do traçado de suas rotas. Agilidade, em termos de aviação, comparável ao helicóptero. Até o momento do elogiante dizer: "Se vocês se juntassem em bando, não tinha pra ninguém!"

O beija-flor que ouviu o elogio comentou com outro, que comentou com outro e assim, sucessivamente. E as palavras foram conquistando repercussão no mundo beijafloriano.

Assim, nasceu a Gangue dos Beija-Flores que, unidos, andam aterrorizando a vida de rolinhas, bem-te-vis, sabiás, pombos e urubus, entre outras categorias aladas.

Desde então, não há um único ser empenado que se aproxime que não seja abordado pelos violentos e intolerantes beija-flores cobrando pedágio para voar pelos céus do bairro.

As propinas variam de folhas a grãos de cereais. Mas há beija-flores mais gananciosos, pedindo ninhos e outras ninharias. O pássaro que se recusar é agredido sumariamente pela gangue, especializada em ágeis golpes vindos de todos os lados. Ágeis, não há quem consiga revidar.

Houve um canário que piou o seguinte trocadilho: "Os beija-flores não sentem 'pena' de ninguém!" Também houve o caso de uma maritaca que pagou com um pote de água e açúcar.


Eparrei!

Rogério de Moura