- Rogério de Moura, médium cinematográfico que me incorpora retornou para mais uma sessão de incorporação. Chegou assustado, com um violão a tiracolo. Havia acabado de presenciar um acidente de automóvel com direito a capotamento cinematográfico. Claro que se tratava de outro caso de motorista embriagado.
- - O Brasil tem tantos motoristas bêbados que chego a suspeitar que os abstêmios não sabem dirigir.
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- Perguntei-lhe sobre o violão. Ele disse que havia acabado de encontrá-lo em meio ao lixo. Não podia deixá-lo ser triturado por uma caçamba de lixeiro.
- Instantes depois, devidamente incorporado no cineasta, finalmente comecei a escrever esse post. Foi quando percebi que não conseguia deixar de pensar no caso do violão em meio aos sacos de lixo.
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- Não era um guarda-chuvas Made In China, não era um móvel de madeira prensada, não era algum lixo da era industrial.
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- Esse violão, em seu momento de nascimento, passou por mãos de artesãos, talhando cada detalhe da mão do violão, trataram com carinho e paciência a superfície da madeira.
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- Depois esse violão passou por mãos de músicos. Suas melodias emocionaram
- pessoas.
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- Sepultado em meio aos sacos de lixo, junto com o guarda-chuva chinês. O violão, um velho Di Giorgio, tem alguns reparos para fazer. O Rogério irá reformá-lo.
Instrumentos musicais feitos
por artesãos deveriam jamais ser colocados no lixo. Deveria haver uma lei sobre
isso. Cadeia na hora.
Entre os grandes apreciadores de charuto há o costume de não amassar a bituca e sim deixá-la no cinzeiro, ir desaparecendo diante da ação do terno calor da brasa interna. O que não se aplicaria a um cigarro qualquer. Hoje em dia, nos acostumamos a ver televisores, aparelhos de som e computadores em meio a sacos de lixo. Não é o destino que merece um instrumento musical.
Entre os grandes apreciadores de charuto há o costume de não amassar a bituca e sim deixá-la no cinzeiro, ir desaparecendo diante da ação do terno calor da brasa interna. O que não se aplicaria a um cigarro qualquer. Hoje em dia, nos acostumamos a ver televisores, aparelhos de som e computadores em meio a sacos de lixo. Não é o destino que merece um instrumento musical.
Se um instrumento musical tiver que ser destruído,
que seja numa fogueira durante uma serenata.
- Eparrei!
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- Rogério de Moura
Afinal de contas, não são só restos materiais, deveríamos ter respeito pelo tempo gasto por um próximo, pelo carinho que foi empregado; tentamos "salvar" até garrafas pet, que jamais conheceram as mãos de um modelador, por que não ter esta gentileza com o fruto do trabalho de um(s) desconhecido(s)?
ResponderExcluirRogério, fiquei imaginando voce dedilhando este viloão, e fazendo versos pro Abdias,Farid,Leopoldo,pra aquele da connat,até que veio o velho Raul e seixas.... veio a anchente e atrapalhou tudo.
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