Se eu fosse um escritor clássico brasileiro, antes de morrer, pediria para as escolas não obrigarem os alunos a lerem minhas obras.
Que angústia deve passar um escritor cujas obras tornaram se tornou leitura obrigatória!
Que angústia deve passar um escritor cujas obras tornaram se tornou leitura obrigatória!
Milhares de gerações, de crianças a adolescentes, detestando minhas histórias. Do mais simples conto ao melhor romance, ao mais complexo poema.
Estudantes chamando minhas obras de chatas, pois afinal, é o que o Ministério da Educação e apostilas de cursinhos recomendaram. Não gostaria de ter um aluno reprovado por algo escrito por mim. Se pudesse, tudo o que um estudante dissesse após ler um trecho de livro meu, por mais absurda fosse a resposta, teria aprovação sumária.
Se eu escrevesse um único livro, desejaria que quem o lesse estivesse fazendo por vontade própria. Que cada frase ecoe na alma do leitor como uma experiência de vida e não memorizada para se satisfazer a resposta de uma questão qualquer.
Que, ao repousar o livro na estante, depois de lida a última linha, a pessoa lembre-se das emoções da leitura e não da angústia de um exame.
Quanto aos autores clássicos, coitados, nada podem fazer. Mortos já estão.
Quanto aos autores clássicos, coitados, nada podem fazer. Mortos já estão.
Que o acaso seja o vendedor de meus livros.
(Rogério de Moura)
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