ROTEIRO PARA A CACHAÇA ATITUDE

CENA 1 - COZINHA - INTERIOR/DIA

A esposa aproxima-se do marido:

ESPOSA - Homem, faz meses que a torneira da cozinha está pingando. Quando é que você vai tomar uma atitude?

O homem olha para a câmera, sorridente.

MARIDO - Vou tomar todas!

Em um bar, o marido, bebe um gole da cachaça Atitude e toca o jingle da cachaça.

CENA 2 - ESCRITÓRIO - INTERIOR/DIA


O PATRÃO aproxima-se do SUB-CHEFE:

PATRÃO - Não tá vendo que os seus subordinados não estão trabalhando. Quando não faltam, chegam atrasados. E você, não vai tomar uma atitude?

Sub-chefe olha para a câmera, sorridente.

Em um bar, o sub-chefe, bebe um gole da cachaça Atitude e toca o jingle da cachaça.

GERENTE - Vou tomar todas!
 
CENA 3 - RUA - EXTERIOR/DIA

Época de eleições. O candidato está caminhando, enquanto cumprimenta seus eleitores. Uma mulher humilde surge em meio ao povo, olhando para o candidato com olhar de reprovação.

MULHER - Votei no senhor por causa do córrego que o senhor prometeu canalizar e até agora nada. Por que o senhor acha que eu vou acreditar de novo? O senhor vai tomar alguma atitude?

O candidato olha para a câmera, sorridente.

CANDIDATO - Vou tomar todas!

Em um bar, o candidato, bebe um gole da cachaça Atitude e toca o jingle da cachaça.
 
CENA 4 - ESTÁDIO DE FUTEBOL - EXTERIOR/DIA

Jogador é expulso. Saindo do gramado, um repórter o aborda.

REPÓRTER - Adriano, é a quarta vez em seis partidas. A diretoria pensando em te suspender. Você não pretendo tomar alguma atitude?

O jogador olha para a câmera, sorridente.

JOGADOR - Vou tomar todas!

Em um bar, o jogador, bebe um gole da cachaça Atitude e toca o jingle da cachaça.

CENA 5 - CARRO NA ESTRADA - INTERIOR/DIA

Carro está parado na beira da estrada. Marido tenta dar a partida e o carro não responde. A esposa, sentada no banco traseiro, está furiosa:

ESPOSA - É a quinta vez que o carro quebra na estrada. Você precisa comprar outro carro. Quando é que você vai tomar uma atitude?

O marido olha para a câmera, sorridente.

MARIDO - Vou tomar todas!

Em um bar, o marido, bebe um gole da cachaça Atitude e toca o jingle da cachaça.



Enfim... outra previsão de fim de mundo. Dessa vez, dos Malas... ou melhor, Maias. Já não bastasse o Nostradamus vir à tona a cada sucessão de catástrofes.

O ser humano tem uma fixação patológica pelo apocalipse. E sempre houve, na história da humanidade, arautos do final dos tempos. A absoluta maioria, frustrada, morreu antes de presenciá-lo.

Meses atrás, um pastor americano lamentava o ano não ter acabado na data em que previra. Tivesse grana o suficiente para advogados e processaria Deus.

Recomendo aos apocalípticos que, ao elaborarem alguma data crível para algum Juízo Final (aliás, houve algum Juízo Inicial?) que pelos menos sincronizem suas datas. Escolham datas que não se aproximem do fim do ano. É uma época em que as pessoas estão mais interessadas nas compras do fim de ano do que qualquer desgraça mundial.

Digamos que alguma outra profecia defina uma data para o fim do mundo. Quem sabe, 15 de julho (aniversário do médium cinematográfico que me incorpora, o Rogério de Moura). Então, os horóscopos diriam: "Infelizmente, não há previsões para depois de 15 de julho."; os leitores de mãos diriam aos seus clientes: "As linhas de sua mão só dão previsão até 15 de julho."; tarólogos, jogos de búzios, borra de café, bem-me-quer-mal-me-quer, enfim... até os videntes fariam uma conferência sobre como cada um estava vendo o seu antecipado 15 de julho. 

Os livros sagrados de todas as religiões deveriam também todos apontar para o fatídico e temido 15 de julho.

Fosse para acontecer o fim do mundo nesse 21 de dezembro, a essa altura os animais (sempre intuitivos) a essa hora já estariam em pânico. Mas cada crença ou doutrina inventa a sua, seja baseando-se em "obscuros cálculos" ou na base do chutômetro, como fizeram os autores da inspeção veicular em São Paulo, na hora de definirem os preços.

E, imagino a cara de Deus (ou Deusa), de "sacho-cheio" de tudo isso.

Mas, meu medo mesmo é que o mundo já tenha acabado e não tenhamos nos dado conta. Mas não acabou em explosões e outras pirotecnias apocalípticas. Terminou num emburrecimento total da humanidade.

Eparrei!