Macumba Cinematográfica

O médium que me incorpora, o cineasta Rogério de Moura, vez em quando fica meio cabisbaixo, deprimido. Sei que fazer cinema é difícil, mas depressão não é nada saudável. Por isso, às vezes, custa para que ele consiga me incorporar. O Rogério começa a tossir, revirar os olhos, gritar "Viva o cinema brasileiro". Ás vezes até corre ao banheiro.

No momento da incorporação, eu passo a comandar a mente dele. Mas ele continua num estado de semiconsciência. Ele tem consciência das coisas que falo ou faço. Mas nada faz além de acompanhar. Já visitei muitos cafofos de tolerância da Rua Augusta sem que ele pudese fazer nada.

Mas suas preocupações afetam o momento de incorporação. Compreendo que não deve ser fácil ser cineasta. Se até em Hollywood isso não é brincadeira, imaginem pelo resto do mundo. Por isso, numa de nossas sessões, eu recomendei que ele fizesse uma macumba cinematográfica. Para, enfim, conseguir fazer seus projetos deslancharem.

Sugeri ao Rogério a seguinte macumba cinematográfica: ao lado do vaso de barro, um exemplar do livro "Hitchcock / Truffaut: Entrevistas", uma fita MiniDV virgem, um DVD de "La Dolce Vita do Fellini". Ao redor, acenda quatro velas pretas. Também ofereça para o santo uma garrafa de Red Label ou Johnny Walker. Não tendo grana para comprar, Tatuzinho, Pitu, 3 Fazendas, Cavalinho ou Cidra Cereser também servem.

Quem quiser, é só seguir a receita

Eparrei!


Rogério de Moura


2 comentários:

  1. Essa aí heim irmão . . . é lá na quebrada da Sta. Isabel né ! ?

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  2. bora qualquer dia destes fazer esta macumba? parece que é certeira, pois se nada sair daih...

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