Desde que veio ao mundo, para orgulho de seus pais e centenas de irmãos, mostrou aptidões musicais. Seu sonho era tocar para uma grande plateia de pernilongos admirados com seu virtuosismo, cultivado com anos de estudos e dedicação. 

O violino de um pernilongo, é obviamente, minúsculo aos olhos humanos. Portanto, difícil de se enxergar. O som é um tanto fraco. Haveria a necessidade de um amplificador. Porém, é possível enxergá-lo com um microscópio. Trata-se de um artefato feito com uma espécie de seiva, colhida nos caules de árvores e construídos por mosquitos luthieres.

Mas, era teimoso o jovem violinista. Aliás, turrão como todo pernilongo adolescente. Por mais admirado e respeitado no reino dos pernilongos, não se dava por satisfeito. Queria mais. Pretendia plateias maiores, um público mais exigente. E, por mais que seus pais insistissem contra, o jovem músico decidiu mostrar seus dotes musicais aos seres humanos.

Não se sabe ao certo quem foi o assassino. No mundo dos pernilongos só se sabe que um humano que não sabia apreciar uma boa música, ou querendo dormir, com uma palmada certeira, abreviou a carreira de um promissor pernilongo violinista. 

Eparrei!

Rogério de Moura

Ilustração: Felipe Parucci