Que fim levou o cantor Eriberto César?

O nome dele é Eriberto César. Talvez você tenha ouvido falar dele. Ou seus pais. Ou seus avós. Quem sabe, digitando "que fim levou Eriberto César?” nos sites de busca, talvez o encontre.

Dificilmente terá sucesso na pesquisa digitando Eurípedes Procópio da Silva, seu nome de batismo. Aconselharam-no, quando sua carreira começava, a trocar de nome.

Surgiu então, Eriberto César que, por muito tempo lutou para alcançar o estrelato. Apresentações em bares, sociedades amigos de bairro, bailes, casamentos. Nesse percurso, compôs diversas músicas. Até que chance lhe surgiu em um programa de calouros e a sorte sorriu para o quase desistente cantor e compositor. 

O nome do sucesso era um tanto longo: "Enquanto Eu Girava a Maçaneta, o Outro Pulava a Janela". Da noite para o dia, as rádios passaram a tocar o que se tornaria um estrondoso sucesso naquele ano.

Convites para shows lotados, presença em revistas de entretenimento, viagens pelo país, apresentações em programas de televisão, autógrafos, fãs, tietes, casamento, divórcio, outro casamento, outro divórcio.

O tempo tem um vício: passar rápido, sem se importar com ninguém. Composições se acumularam. Nenhuma obteve sucesso. Programas de rádio e televisão começaram a rarear. Outro casamento, outro divórcio. 

Os anos passaram, cobrando sempre seu preço inegociável. E Eriberto tornou-se um cantor de um apenas um sucesso. Apenas aquela música. Nos lugares e eventos em que era reconhecido, sempre lhe pediam uma palhinha. Pedido que ele sempre recusava.

Havia momentos em que pensava nos momentos de alegria que "Enquanto Eu Girava a Maçaneta, o Outro Pulava a Janela".  Mas uma voz lá no fundo de sua alma vivia gritando que essa música tornou-se uma cruz em sua vida. Passou a detestá-la.

Sempre que pediam que cantasse, ele recusava. Quando, em restaurantes ou bares, ouvia, ao fundo, a sua música, logo pedia para desligar o aparelho de som ou, pelo menos, abaixar o volume.

No auge de uma crise depressiva, pensou em suicídio. Mas não levou a ideia adiante. Não queria que a música, caso se matasse, tocasse nos noticiários ou em algum programa de flashback.

Rogério de Moura


Seu prato-feito foi uma coxinha e quatro copos de pinga.
Depois do almoço, ficou alguns eternos poucos segundos
Palitando... palitando... palitando...
Tirando a cachaça que ficou no vão entre os dentes.

Rogério de Moura


Antes do Pan do Rio, falaram em legado.
E o legado foi esse: o estádio João Avelange, sucateado; o Maria Lenk para natação, sucateado, e por aí vai.
Antes da Copa, também falaram em legado. Durante a Copa, começaram a dizer: esqueça o legado.
Daqui há pouco, vão começar a falar do legado das Olimpíadas.
O maior legado de tudo isso é que a palavra legado significa que aí vem mutreta das bravas.

Eparrei!