O político é uma entidade. Chamem os pais-de-santo!

Um sujeito atira em outro. Desaparece por vinte e quatro horas e depois se apresenta na delegacia com um advogado a tiracolo. Geralmente, passou menos tempo na delegacia que a família da vítima. E depois irá esperar pelo desenrolar do lento processo judicial. Se tiver dinheiro, poderá protelar, por anos, décadas; com grandes chances do processo caducar. 

Dirigir bêbado é o esporte preferido dos brasileiros depois do futebol. Empata com o vôlei. Nos primórdios da Lei Seca, teve gente que preferiu vender o carro a parar de beber. Mas, como a lei, no Brasil, pode pegar ou não pegar, essa, pelo jeito, não pegou. Em anos de Lei Seca, quem está atrás das grades depois de ter matado pessoas inocentes após tomar todas antes de dirigir?

Os juízes nada podem fazer a não ser executar a lei, que atualmente é uma mãe (ou amante) para o infrator. 

Afinal de contas, qual é o único filho de Deus que pode mexer nas leis? Quem? Oras, ele: o deputado.

O problema do deputado, vereador, ou qualquer membro da classe política é, a partir do momento em que é eleito, desencarna. O político deixa de pertencer ao mundo dos mortais. Após ser bem sucedido no pleito, o político torna-se uma entidade, ao redor do qual paira um fluxo inimaginável de cargas energéticas e financeiras.

É uma entidade etérea, onipresente e ausente ao mesmo tempo. Algo fluido, impalpável. Algumas dessas entidades são difíceis de ser vistas.

Basta ver como passam a falar. Quando ainda eram carnais, isso é, quando não estavam eleitos, falavam do povo para o povo. Coisas que o povo gosta de ouvir: "Essa família está passando fome, algo precisa ser feito", "As escolas tornaram-se uma filial de uma casa penitenciária. É preciso uma lei que resgate as escolas.", "Sem cultura, nenhum cidadão é independente.", "Taxas de juros abusivas são um estorvo para a economia."

Depois de eleitos, passam a dizer coisas: "Nosso partido irá se reunir para debater a viabilidade dessa coligação." 

Isso não tem nada a ver com o mundo real, com as pessoas, com as carências do povo. Isso não é frase que um ser vivo diga. É frase de uma coisa não carnal, um espírito. Ou seja: uma entidade. 

Por isso, de nada adianta os órgãos de imprensa, comissões populares e outras iniciativas tentarem acessar os políticos. Mesmo que um mortal aproxime-se dele e diga o que tiver que dizer, o político não o ouvirá. Ele é uma entidade. 

Então, faço um apelo à sociedade: só existe um tipo de pessoa para se comunicar com tais entidades: o pai-de-santo. 

Eparrei!


2 comentários:

  1. Na época em que pude conhecer a realidade do congresso nacional de perto eu constatei esta sua afirmação. Ali não é casa do povo nunquinha. É santuário de entidades mesmo! rsrs. Abraços. Paz e bem.

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  2. Muito bom!
    Mas meu caro Preto Velho, Jovem, você saberia de uma forma de exorcizar essas entidades?
    Não está fácil aguentar o "poltergeister" que elas aprontam na nossa vida!
    E aquela entidade chamada Miriam Rios (que eu achava que já tinha desencarnado mesmo!), você viu o que ela anda aprontando no Congresso?
    E o nosso espírito zombeteiro Tiririca, nos dando lição de moral e ética pela TV?
    Mais uma coisa: você, como uma entidade também, poderia se comunicar com essas outras da política e pedir a elas que peguem leve na exigência de oferendas. Caramba! Aquela oferenda que nós damos de tempo em tempo e deixa as entidades tão felizes - O VOTO - poderia ser dada igual na umbanda e no candomblé: COM CONSCIÊNCIA E VONTADE! Abaixo a "oferenda" obrigatória!
    Um abraço! Axé!

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