O Brasil é um imenso jogador de futebol

Hoje, realizou-se um jogo no campo de futebol no Centro Esportivo da Vila Nova Manchester. O Rogério de Moura, o médium cinematográfico que me incorpora, não joga bulhufas. Ele diz que até sabe um pouco. Porém, no momento em que a bola chegava a seus pés, ficava tão nervoso que não conseguia correr um metro com a posse da bola que trupicava e rolava no chão. O Rogério tenta justificar que, graças ao nervosismo, a bola ficava com mais de um metro de diâmetro. Para mim, não passa de um cabeça-de-bagre e não quer assumir.

Mas,devo confessar que sou um ótimo jogador de futebol. Talvez porque, nos terreiros, tenha recebido dicas do espírito do Garrincha e do Dener. Nos terreiros, o espírito do Barbosa (goleiro da seleção de 1950) é tratado com o respeito que não recebeu no mundo dos vivos.

O Rogério não queria ir. Disse que preferia ficar em casa escrevendo roteiros ou vendo os filmes do Fellini. Mas como ele me incorporou, dançou. E lá fui eu, com o corpo dele, jogar com a rapaziada do time do Portuguesinha de Vila Santa Isabel. E dei um show. Fiz dois gols, na vitória por quatro a zero em cima do time do Ressaca. Os outros dois foram marcados por Dú Neguinho e Zé Palmito. O Marmita marcou um golaço mas o juiz anulou.

Após o jogo, todos foram curtir um samba e algumas brejas para a tradicional ressaca de segunda-feira. Não fosse a cerveja e alguma doses de cachaça, o Marmita ainda estaria furioso com o gol anulado.

Lamento por não gostar de futebol tanto quanto eu gostava na infância. Naqueles tenros tempos, não ligava para a corrupção ou para a pouca instrução dos jogadores. Hoje em dia, em meio a muita corrupção, desmandos e a eterna violência das poderosas torcidas organizadas, tornou-se impossível curtir o esporte bretão. Prefiro assistir vôlei (feminino) ou curtir os gritos da Sharapova.

Nos tempos em que amava o futebol, meus ídolos eram o Sócrates, Éder, Renato Pé Murcho, Luiz Pereira, Zenon, Serginho Chulapa, o Biro-Biro, Casagrande, Gilberto Sorriso, o Flamengo de 1982, com Zico, Júnior, Leandro, Andrade, Adílio, Nunes e companhia. Todos jogavam no Brasil. 

Porque o título deste post chama-se "O Brasil é um jogador de futebol"? Simples...

Mas antes, a justificativa: o que mais me chocou após a desclassificação do Brasil da recente Copa América, não foram os inéditos quatro pênaltis perdidos que me chocaram. Foram as declarações do Lúcio, capitão da seleção, após o jogo. Meu Deus! Meus orixás! Meus caboclos! Um peão de obra parecia um Rui Barbosa diante de seu jeito de falar. Ele joga na Alemanha, ganha uma fortuna. Custava pagar um professor particular?

Há um abismo entre a raça, o empenho, a empolgação, entre as seleções brasileiras de vôlei e futebol. No vôlei, o atleta vibra e se arrebenta tentando recuperar uma bola que tenha voado na direção dos assentos na platéia. Os nossos jogadores de futebol ficam nisso: um toque pra cá, um toque pra lá, uma firula pra cá, firula pra lá, uma jogada de efeito daqui, outra acolá e... zero a zero no placar.  

Então, temos o Brasil: um país imenso, rico, bem situado dentro do cenário econômico mundial e educação zero.

No lugar de se preparar para o futuro, com educação, cultura, infra-estrutura, o Brasil-jogador-de-futebol, prefere comprar Ferraris e curtir noitadas.

A seleção feminina do Japão ganhou o campeonato mundial de futebol. As jogadoras treinam à noite. Durante o dia, vão trabalhar. Entre as jogadoras há desde agricultoras a vendedoras de loja. Estão longe de faturar milhões. E são as heroínas nacionais, inspiração para a recuperação do Japão pós-tsunami.

Eparrei!



2 comentários:

  1. O espetáculo em campo agora é antes de mais nada, desfile de celebridades, penteados, dancinhas e o futebol é detalhe técnico para os ainda apaixonados. E uma pobreza, tem toda razão.

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  2. Qual a diferença entre as seleções de futebol masculino e feminino? Os jogadores da seleção masculina passam mais tempo no salão de beleza.

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