Dirce da Silva, mas a chamam de Dirce Trovoada, a mau-humorada. É
uma querida prima distante, de quem alguns querem distância. Mas
como eu a amo, sempre a convido para visitar minha
casinha de sapê. Eternamente mau-humorada, virou lenda entre os
familiares e conhecidos:
Não
chorou quando nasceu. Limitou-se a xingar o médico pelas palmadas:
"Vou comunicar o Conselho Tutelar!" dizem alguns, foram
suas primeiras palavras.
Em
suas veias não corre sangue, é também o que dizem: corre café sem
sal e suco de limão.
Xinga
o calor, xinga o frio, xinga quando chove e quando não chove.
Certa
vez, quando servi café para a Dirce, ela reclamou que estava frio e sem canela. "Como sempre!", segundo suas palavras. De tanto
pedir, finalmente, em um dia de visita, servi-lhe café, com um
pouquinho de canela. Antes de provar, Dirce já foi sentenciando:
"Sem canela, de novo!" Eu lhe disse: "Dessa vez, botei
canela." E então, ela veio com essa: "Botou só pra me
contrariar".
Lembro-me de uma vez em que ela estrebuchou diante da televisão, por ver um pastor evangélico avacalhando as religiões afro. Concordei com ela. Gerações e gerações de tradições afro-brasieiras sendo achincalhadas, numa implacável campanha de bani-las da cultura nacional jamais feita. Todos que praticam as tradições afro-brasileiras viraram "servidores do demônio" segundo os pastores. Mas a Dirce também ataca cada pessoa que, de sua forma, procura defender as religiões afro. Em sua maneira de enxergar o mundo, há apenas uma estrada. Partidos de esquerda geralmente tem uma visão assim. Digo isso longe de defender a esquerda ou a esquerda. É tudo a mesma coisa. Mas assim como não existe uma única maneira de uma pessoa demonstrar amor por um ente querido. Existem várias maneiras. Algumas podem não combinar com o jeito de ser de determinada pessoa, mas esta não pode julgá-la como incorreta. Mas a Dirce não quis saber da minha argumentação. Um dia, não resisti de lhe disse: "Dirce, se liga, minha filha! Você ataca quem avacalha, mas também ataca quem defende. Deixe esse mau humor de lado. Dá câncer!"
Lembro-me de uma vez em que ela estrebuchou diante da televisão, por ver um pastor evangélico avacalhando as religiões afro. Concordei com ela. Gerações e gerações de tradições afro-brasieiras sendo achincalhadas, numa implacável campanha de bani-las da cultura nacional jamais feita. Todos que praticam as tradições afro-brasileiras viraram "servidores do demônio" segundo os pastores. Mas a Dirce também ataca cada pessoa que, de sua forma, procura defender as religiões afro. Em sua maneira de enxergar o mundo, há apenas uma estrada. Partidos de esquerda geralmente tem uma visão assim. Digo isso longe de defender a esquerda ou a esquerda. É tudo a mesma coisa. Mas assim como não existe uma única maneira de uma pessoa demonstrar amor por um ente querido. Existem várias maneiras. Algumas podem não combinar com o jeito de ser de determinada pessoa, mas esta não pode julgá-la como incorreta. Mas a Dirce não quis saber da minha argumentação. Um dia, não resisti de lhe disse: "Dirce, se liga, minha filha! Você ataca quem avacalha, mas também ataca quem defende. Deixe esse mau humor de lado. Dá câncer!"
Mas a Dirce, sempre mau-humorada, despediu-se de mim fazendo o que ela sabe de melhor: xingar.
- Organizei um "Kwanza" e convidei várias entidades. Inclusive o Chico Xavier. Ela disse que não veio. Preferiu ficar em casa, xingando os filmes de Natal.
Axé, Dirce!
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