Quando brotou aquela árvore? Há quem diga que ela tem
duzentos anos. Outros dizem que menos, outros que muito mais.
Aquela árvore acompanhou o fluxo de um riacho próximo por
muitas décadas, quando as águas límpidas formavam um curso sinuoso. Chegaram as
casas, que cercaram o riacho. Muito tempo depois, as casas deram lugar a uma
avenida. As águas, antes cor de nada, ficaram com uma cor de esgoto tão feia
que decidiram canalizar.
A sombra daquela árvore refrescou tropeiros, migrantes e
imigrantes, andarilhos.
Seu tronco possui marcas de incontáveis iniciais de casais
de namorados talhadas em corações e flechas.
Aquela árvore viu o bairro quando ainda era uma reunião de
algumas poucas casas e ruas de terra. A terra batida cedeu lugar ao
paralelepípedo e, depois, ao asfalto. Chegaram as linhas de ônibus e de metrô.
Em frente à árvore construiu-se um prédio. Apesar dela gozar
de boa saúde, os moradores querem cortá-la.
Tudo porque não querem varrer as folhas que a árvore espalha pela
calçada.
Eparrei!
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