Ao lado do terminal de ônibus, sobre  uma caixa de madeira, havia uma pequena bolsa. Poderia também ser uma maleta ou sacola de supermercado. Dentro, se encontrava algumas garrafas. Cachaça, conhaque, vinho e catuaba. Ao lado dessas garrafas uma pilha de copos descartáveis.

Ao redor dessa pequena mesa, quatro ou cinco sujeitos, bebericando nos copos descartáveis que seguravam. Era um mini-boteco, no meio da calçada. Esses pequenos bares se espalhavam pela calçada, em meio aos pedestres e outros vendedores ambulantes, cada qual com seus três ou quatro fregueses. Geralmente, o "dono do mini-boteco" estava mais bêbado que sua clientela, que conversava geralmente sobre futebol e mulheres.

A fiscalização da Prefeitura passou por ali, dando início a uma debandada de mini-botecos pelas ruas próximas. Minutos depois, os mini-botecos eram reinaugurados.



Rogério de Moura

 
É assim que o Brasil vai enfrentar a crise: mais carros nas ruas.
O povão comprando seu carro zerinho a prestação. Mas, onde o povão irá andar com seus carros novinhos, com as ruas entupidas. Como é que o povão vai pagar o IPVA? Pedágios? Combustível? Manutenção?
Trata-se de mais um item para a Galeria Brasileira das Falsas Soluções, da qual o povo tanto gosta.
No aparelho televisor da lanchonete, um programa nos moldes do Datena fazia um relatório sobre as desgraças do dia:

"No Paraná, pais e filhos são acusados de espancar casal até a morte";

"Em São Paulo, criança é baleada na saída da escola por um policial que estava numa briga de trânsito";

"Em Taboão da Sera, mulher é agredida pelo marido";

"No Paraná, mais um motorista bêbado causando mais uma tragédia";

"Carlinhos Cachoeira se cala em depoimento";

"Assaltantes fazem reféns em farmácia na zona sul de São Paulo";

"PM à paisana é baleado em assalto no Rio de Janeiro";

"Metrô de SP entra em greve";

A última manchete foi essa: "No Iêmen, atentado durante desfile militar mata mais de cem."

Ao ouvir a última manchete, um sujeito, que assistia a um noticiário, sentenciou:

"Ainda bem que não vivemos Iêmen!"

Eparrei!

Rogério de Moura