Por volta das sete, sete e pouco

Dezenove, dezenove e pouco...
Dezenove, dezenove e muito...
Fez de conta que era meia-noite,
O sol mal havia dobrado a esquina.
Fez de conta que era lua cheia
Mas era apenas luz de um poste.
Imaginou que de casa perto estava.
Casa? Daquelas que se chamam lar? Dem tinha. 
Dele mesmo, só estômago roncando,
Par de pés: solas, unhas e verrugas feito brasas.
Saía das casas o cheiro da janta
Perfumando uma noite ainda de fraldas.
Longe de pousada, de repouso, de paz,
De trocar prosa com o compadre pestana.

(Rogério de Moura)

Ilustração: Rogério de Moura

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