O portal

No laboratório, um dos cientistas acionou o mecanismo, iniciando o funcionamento do portal.

Na parede, abriu-se uma grande fenda. Nada se via do outro lado a não ser um brilho tão intenso que não permitia ver o que havia do outro lado da abertura.

O que fariam? Por quanto tempo o portal ficaria aberto? Conseguiriam abri-lo novamente?
Os minutos avançavam. Não poderiam perder aquela chance. Uma nova dimensão estava ali, tinindo, alguns metros adiante.

Precisavam de um voluntário para caminhar até a luz e atravessar a fenda. Após alguns minutos de hesitação, um cientista levantou a mão. 

Vestiram-no com roupas de proteção. A mais moderna que tinham. Com sistema de comunicação de longo alcance. Assim que atravessasse o portal, informaria sobre tudo o que estivesse acontecendo do outro lado.

Enquanto caminhava rumo à luz, o destemido cientista refletiu sobre o que poderia encontrar. Novos mundos? Novas pessoas? Novos seres?

Foi tomado pelo receio de que, na travessia, pudesse ser desintegrado, acabar em pleno espaço, ser arremessado na superfície do sol, tendo apenas algumas frações de segundos de vida antes de ser dizimado.

Mas, mesmo nas piores hipóteses, certeza tinha de que estava sendo um pioneiro, um herói. Ou apenas um personagem insignificante em um acidente na história da humanidade.

Diante do portal, encarou a luz e atravessou a fenda. Quanta luz! Nada podia enxergar.

Mas havia um solo para pisar. E assim foi caminhando, caminhando, caminhando...

Subitamente, uma sensação de estar dentro de um recipiente quente e úmido. 

Sentia-se diferente. Algo mudou em seu corpo.Tentou comunicar-se com o laboratório, mas esqueceu como pronunciar palavras.

Reparou que não tinha mais roupas, a cabeça maior em proporção do que outras partes do corpo. 

Aos poucos, começou a ser pressionado para uma direção. Surgiu uma mão gigante que o puxou. 

E ele nasceu!

Assustado, começou a chorar.

Instantes depois, a mão de um médico dava tapinhas em seu bumbum, enquanto um casal de adultos olhava para ele, chorando comovidos.

(Rogério de Moura)

 

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