Os não-aqui

Seus pés estão nas ruas, caminhando pelas calçadas, atravessando a esquina.
Mas eles não estão aqui. 
Sentados estão, nos bancos de praças, nos assentos dos ônibus, trem, metrô.
Mas longe desses lugares estão.
Há quem ache moderno, revolucionário. 
Deslumbrando-se como nativos de ilha selvagem diante de um espelho que viram pela primeira vez.
Diante de uma pessoa estão. Mas não notam sua presença, mesmo durante uma conversa.
São os não-aqui, os não-agora, que estão no lugar-nenhum entre a ponta de seus dedos e a tela do aparelho.
Zumbis voluntários, escravos passivos.
Seus olhares, pensamentos… sua alma está num só lugar:
no aparelho celular.
(RdM)




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