Casa sem telhado, portas ou janelas e a chuva chegando


Casa sem telhado, nem portas, nem janelas.
Nuvem chegando.
Seu colchão o esperava, absorvendo a fuligem dos automóveis da avenida, exalando o mau cheiro de urina, seus rasgos cheio de insetos.
Nuvem chegando.
Ele aproximou-se do colchão como se escalasse uma montanha, ignorando as buzinas e as sirenes.
Nuvem chegando.
Caiu no colchão, em meio às garrafinhas de cachaça feitas de plástico, às sobras de marmitex amassada.
Nuvem chegou.
Chuva desabou.
E ele dormindo, sonhando com dias melhores.
Sonho em um sono que resistiu a enxurrada que purificava seus pés.
(Rogério de Moura)



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