Pedra na água

Foi tudo muito rápido.
Antes era terra, 
Depois era mão,
Depois era um algo voando.
E, perplexa com tanta liberdade, deslizando no vento, rumo ao desconhecido.

Para onde estava indo? 
Não sabia se estava se aproximando do chão de água 
Ou se o chão de água que vinha beijá-la.
Durante uma fração da eternidade, escorregou pela superfície fluida.
Tivesse pernas, caminharia.
Não tinha. E o destino da pedra foi afundar, lentamente, até as tripas do rio.

Outras pedras, além de paus, folhas, garrafas de vidro e desilusões.
Enfim, repousou onde tudo dorme, aquecido por um cobertor líquido.
(Rogério de Moura)


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