Aricanduva debaixo d'água

Em muitos cantos da Avenida Aricandura é usado para se fazer despachos.

A palavra despacho com conotação religiosa sempre assusta as pessoas. Aquela
coisa: Macumba! Despacho! Coisa para o mal! Garanto que é a mesma coisa que acreditar que leite com manga faz mal.
Despachos são trabalhos feitos para se direcionar energias positivas a alguém ou alguma causa. Ninguém vai matar ninguém com um despacho, tampouco levar má sorte à alguém, pois isso acaba virando-se contra a própria pessoa.

Na marginal Aricanduva, quando dá enchente, vai tudo embora: as velas, as comidas de santo, a pinga... Mas também vão os carros e, infelizmente, algumas vidas.

Isso aconteceu ontem, 7 de Janeiro, à tarde. Provavelmente, vai acontecer daqui a alguns dias. Fatalmente, vai acontecer no ano que vem e assim por diante, para toda a eternidade, enquanto estivermos nesse planeta. Não é fruto de algum despacho.

Sempre assim: ruas e avenidas inundadas, carros submersos, mortes.

Aconteceu a mesma coisa no ano passado. Também em 2009, 2008, 2007... Também acontecia coisa parecida em 1990, 1980, 1950, 1910, porém em menor escala.

Agora, eu pergunto: porque que a gente mantém o hábito de se surpreender, como se tudo tivesse acontecido pela primeira vez?











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enchente / avenida aricanduva / marginal aricanduva / chuvas

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