Numa cidadezinha do interior, havia dois caipiras: Chico e Belarmino.
Chico era respeitado por todos, pois era considerado um homem trabalhador. Toda manhã era visto com sua enxada, fato que se repetia quando o sol se punha. Já Belarmino, não. Era um vagabundo. Ninguém o via trabalhar. Às vezes, ao meio dia, era flagrado na varanda de sua casinha de sapê, com sua viola. Não era respeitado por ninguém da cidade.
Chico era respeitado por todos, pois era considerado um homem trabalhador. Toda manhã era visto com sua enxada, fato que se repetia quando o sol se punha. Já Belarmino, não. Era um vagabundo. Ninguém o via trabalhar. Às vezes, ao meio dia, era flagrado na varanda de sua casinha de sapê, com sua viola. Não era respeitado por ninguém da cidade.
O que pouca gente sabia era que Belarmino compunha canções. E das boas. Suas músicas eram cantadas pelos mais famosos cantores da música brasileira. Com essas canções, sustentava-se muito bem.
Um dia, Belarmino, triste, encontrou Chico e lamentou-se porque todos na cidade o desprezavam. Para eles, um artista era um sujeito que não trabalhava. Sem saber o que fazer, pediu que Chico o aconselhasse. E Chico aconselhou:
- Olha, cumpadre Belarmino, cultura é cultura, povo é povo. No que o povo pensa do artista, eu nada posso fazer. Mas posso te fazer ser respeitado: é só fazer como eu, que todos os dias levanto às cinco da manhã, com minha enxada nas mãos, e só volto quando o sol está se pondo.
- Mas eu não sei carpir. Meu negócio é música. – disse Belarmino.
- Quem disse que meu negócio é carpir? Eu vivo com a pensão da minha mãe. Não faço nada o dia inteiro. Só durmo. Daí, pra ninguém pensar que sou vagabundo, eu boto a enxada nos ombros, dou umas voltas pela cidade e depois volto pra casa. Durmo até o sol se pôr. Daí levanto, como a comidinha que minha mãe prepara e faço outro passeio pela cidade com a enxada nos ombros. Depois, vou tomar umas caipirinhas porque, respeitado do jeito que sou, tenho crédito no armazém.
Hoje em dia, Chico e Belarmino, respeitadíssimos cidadãos, são vistos caminhando pela cidade, cada qual com uma enxada na mão. Quando a noite adentra, vão ao armazém, tomar umas caipirinhas, que o dono do armazém põe na pendura com muito orgulho.
Por estas e outras que sou um ardoroso defensor do ócio criativo. rsrs, Abraços. paz e bem.
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