Getúlio Vargas, Rui Barbosa e Getúlio Vargas discutindo na Esquina do Além

Antes de encontrar o Rogério de Moura, médium cinematográfico que me incorpora para escrever essas humildes linhas, aliás, as mais humildes linhas de todo o Universo, passei na Esquina do Além para encontrar algum espírito ou entidade que eu já conhecesse há muitos séculos, para colocarmos assuntos milenares em dia.

Nesse momento, avistei três almas que discutiam acaloradamente. Eram Getúlio Vargas, Rui Barbosa, Dom Pedro II. Vagarosamente fui me aproximando do trio e pensando nos verbetes que li na Encruzilhadapedia: Getúlio foi um presidente que se matou para virar nome de avenida; Rui Barbosa foi um sujeito franzino que fez conceituados discursos para virar nome de praça; Dom Pedro II resolveu ser imperador do Brasil para poder virar nome de parque. Dá a impressão que, na verdade, o que todo ser humano quer é, um dia, ter o seu nome estampado numa placa de rua, praça, parque ou, para os mais humildes, um beco ou uma viela. Essa entidade já se contentaria batizando uma favela ou aquela área que fica debaixo da ponte.

Aproximei-me do trio ilustre e tentei puxar conversa. A primeira idéia que tive foi perguntar ao Getúlio sobre o que ele estava achando a respeito dos políticos que já estavam no poder antes do Regime Militar, continuaram durante e seguem no poder mesmo depois do final da Ditadura. Pensei também em perguntar ao Rui Barbosa sobre o que ele achava da Internet e das faculdades particulares que nada mais são do que "shoppings-centers" que vendem diploma. Perguntaria ao espírito do ex-imperador uma opinião sobre o fato de menos de dez por cento dos candidatos não passarem no exame da O.A.B., sendo que a matéria que mais reprova é a Língua Portuguesa. Também tive vontade de pedir ao Dom Pedro II que revelasse o que, em sua época, teve de fazer para comprar aliados políticos.

Desisti, afinal, o que eles discutiam acaloradamente era um assunto que nada tinha de político, educacional ou econômico e, por isso, era muito mais interessante: eles discutiam sobre qual deles tinha batizado mais nomes de rua.

Eparrei!

 

Rogério de Moura