Velhas novas promessas de fim de ano

15... 16... 17 de abril... 2012!


Lembram-se das nossas velhas novas promessas de fim de ano?


Mais tolerância,
Menos fel,
Menos rancor,
Menos ira,
Mais humor,
Melhor respiração,
Melhor alimentação,
Menos ódio,
Julgar menos,
Mais espiritualidade (a efetiva, não aquela de horóscopo de jornal),
Menos mentiras, 
(sob hipótese alguma) mentir para si mesmo,
Menos pés no carpete e mais pés na grama,
Menos olhos no computador e mais olhos na paisagem,
Menos egocentrismo,
Menos vingança, 
Menos indiferença,
(finalmente) tentar ouvir mais,
(finalmente) tentar falar menos,
(finalmente) aprender a pedir perdão,
(finalmente) aprender a perdoar,
Comprender mais,
Aprender mais,
Ajudar,
Aceitar ajuda,
Ter paciência no momento em que estiver recebendo ajuda,
Deixar de responsabilizar os outros pelas opções que escolhemos e que nos prejudicaram, 
Não expulsar de nossas vidas quem nos ama,
Não impor aos outros nossas neuroses.
Não execrar quem tentou nos dar atenção, nos reerguer e nos valorizar,
Não fundamentar nossa inércia utilizando como pretexto religiões, livros de  auto-ajuda, citações ilustradas do Facebook ou frases de "grandes pensadores".



Não creio que nossos grandes pensadores tenham formado séculos e séculos de teorias para justificar que qualquer pessoa fique "sentada no trono de um apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar."



Cumprimos algumas de nossas promessas? Ou as promessas, que nunca serão cumpridas, existem para nos consolar porque adotamos nossos problemas como estilo de vida? Reclamamos, lamentamos, estrebuchamos, choramos, mas a verdade é que amamos perdidamente nossos problemas. Afinal, após tanto tempo de convívio, eles passaram a fazer parte de nossa identidade, de nossa percepção, de nosso subconsciente. São a justificativa indispensável para nossa covardia em temer a vida, o mundo real.

Sem nossos problemas e angústias, estamos nus. Sem eles, somos pessoas comuns, indefesas diante de um mundo competitivo, frio e cruel. Nossos problemas é que nos diferenciam, nos destacam dos demais. São nossos problemas que nos fortalecem.

Para muitos, um problema pessoal é o sustentáculo do que resta de auto-estima. Combatê-lo seria como combater a si próprio. Os desavisados que tentam, em vão, ajudar "o dono do problema", sempre saem do processo desgastados, tidos por algozes por aqueles  a quem se havia tentado ajudar.


Vamos! Acorde! Ainda há tempo para despertar! 15... 16... 17 de abril... 2012! Amanhã, será 18 de abril. Encaremos esse dia como o primeiro dia do Ano Novo e ressuscitemos nossas promessas feitas há pouco mais de quatro meses atrás, as quais, duvido que não eram as mesmas do ano anterior. 

Apenas a morte põe termo a tudo. A menos que seja esse o covarde objetivo. Antes que as promessas para um próspero 2012 se transformem em promessas para um novo e hipoteticamente maravilhoso 2013, que se converterá na próxima promessa para um ótimo 2014, ou quem sabe um 2015...


E assim continuaremos a viver masturbando na internet 25% do que conseguimos aproveitar de nossas vidas, entre quatro confortáveis paredes, sem sol ou chuva, sob ar condicionado ou ventilador, abdicando de usufruir plenamente pelo menos 80% do que nossa "vida real" nos oferece todos os dias. Continuaremos deixando essa "vida que nos espera" para algum ano que estará sempre no futuro, sujeito às novas promessas de fim de ano. Promessas são cômodas.


15... 16... 17 de abril... 2012... 2013... 2020... 

2030 está ali na esquina. E, logo, 2040... 2045... Até que a "vida real", que até aquele momento nos esperava pacientemente, acabe mudando de idéia e decida partir. E tudo se transforme num patético epitáfio sobre uma vida escrita nas tintas invisíveis das hipóteses e boas intenções.


Apesar desses lampejos de esperança, tenho a impressão de que promessas de fim de ano nunca serão nada mais que isso: promessas de fim de ano.



Eparrei!



Rogério de Moura



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