Uma mensagem não ouvida

Ao ver as lágrimas correndo pelo rosto da dona da casa, chegou bem pertinho de seu ouvido e sussurrou. Ela não ouviu.
Então, gritou. Em vão, afastada com um brusco gesto de mão.
Distanciou-se e, novamente, sentindo piedade, reaproximou-se. Dessa vez, tentou dizer que houve problemas mais graves, que este era mais um deles e que, com o tempo superaria.
Não foi ouvida.
Pensou em desistir. Não se conteve. Retornou.
Dessa vez, duas mãos a esmagaram. Seu corpo, ainda com espasmos, parou em um canto empoeirado da sala.
Que pena! Ninguém havia avisado àquela mosca dos riscos de se tentar consolar o dono da casa onde está voando. Principalmente se não souber falar a língua dos humanos.

Rogério de Moura


 

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